DONA AMÉLIA - A SEGUNDA IMPERATRIZ-CONSORTE DO BRASIL

 
 
 
Dona Amélia Augusta Eugênia Napoleona de Beauharnais (Amélie Auguste Eugénie Napoléone de Beauharnais)  (Milão, 31 de julho de 1812 — Lisboa, 26 de janeiro de 1873 , duquesa de Leuchtenberg, foi a segunda imperatriz consorte do Brasil, como esposa de D. Pedro I.
 
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Amélia foi a quarta filha do general Eugênio de Beauharnais, e sua esposa, a princesa Augusta da Baviera. Seu pai era filho de Josefina de Beauharnais e seu primeiro marido, o visconde Alexandre de Beauharnais. Quando Josefina casou-se novamente, com Napoleão Bonaparte, Eugênio foi adotado como filho e feito vice-rei da Itália. A mãe de Amélia era filha do rei Maximiliano I José da Baviera e de sua primeira consorte, a princesa Augusta Guilhermina de Hesse-Darmstadt. Entre os irmãos de Amélia estavam Josefina de Leuchtenberg, rainha consorte de Óscar I da Suécia, e Augusto de Beauharnais, príncipe consorte de D. Maria II de Portugal (enteada de Amélia). Napoleão III foi seu primo-irmão.
Depois da queda de Napoleão em 1814, Eugênio, tendo assumido o título de Duque de Leuchtenberg, fixou residência em Munique, mas após sua morte a família ficou em situação incerta, sem grandes perspectivas para o futuro. Embora fossem nobres, seu parentesco com Napoleão não facilitava seu trânsito entre as cortes e o reconhecimento de sua nobreza. O surgimento da possibilidade de casar Amélia com o imperador do Brasil pareceu à mãe, Augusta, a melhor alternativa para garantir as pretensões da Casa de Leuchtenberg a um status régio.
 
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Após a morte de sua primeira esposa, a arquiduquesa austríaca Maria Leopoldina, em dezembro de 1826, D. Pedro I do Brasil incumbiu o Marquês de Barbacena de buscar-lhe na Europa uma segunda esposa. Sua tarefa não foi fácil, e vários fatores complicaram a busca. Em primeiro lugar, Dom Pedro havia estipulado quatro condições para aceitar uma nova consorte: ela deveria ser de bom nascimento, bela, virtuosa e culta. Não eram muitas as princesas disponíveis que satisfaziam todos os requisitos. Além disso, a imagem do imperador na Europa não era boa, seu envolvimento com a Marquesa de Santos era notório e dificilmente alguma candidata deixaria as cortes europeias para casar-se com quem tinha uma fama de infiel, assumindo além disso cinco enteados. Para piorar a situação, o antigo sogro de Dom Pedro, o imperador austríaco Francisco I, não tinha o genro em bom conceito e divergia de suas ideias políticas, e aparentemente agiu para boicotar um novo casamento a fim de garantir que seus netos herdassem o trono brasileiro, se sobrevivessem à infância.
Após enfrentar a recusa de oito princesas, o que tornara o embaixador objeto do escárnio nas cortes, Barbacena, em concordância com o imperador, baixou as expectativas e passou a buscar uma noiva apenas "bela e virtuosa". Surgiu enfim Amélia como uma boa possibilidade, mas seu encontro não se deveu a Barbacena, e sim ao Visconde de Pedra Branca, ministro em Paris, a quem ela havia sido indicada. Não tinha uma linhagem particularmente distinguida por parte de mãe, e seu pai, enteado de Napoleão Bonaparte, em muitos lugares não tinha sua nobreza reconhecida justamente pelo ódio que o ex-imperador francês suscitara em boa parte da Europa. Entretanto, era seu único "defeito". A princesa era muito bela, alta, bem proporcionada, com um rosto delicado e cabelos alourados. O Marquês de Resende, enviado para averiguar a formosura da jovem, escreveu ao imperador cobrindo-a de elogios e dizendo que ela tinha "um ar de corpo como o que o pintor Correggio deu nos seus quadros à Rainha de Sabá". Era, também, muito culta e sensível. Uma notícia do London Times na época afirmou que ela era uma das princesas mais bem educadas e preparadas da Alemanha.
 
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Amélia de Leuchtenberg chegou ao Rio de Janeiro em 15 de outubro de 1829, na fragata Imperatriz, vinda de Ostende, na Bélgica, bem antes da data prevista. Diz a tradição que ao saber que o navio se aproximava, Dom Pedro embarcou em um rebocador para encontrá-lo fora da barra, e ao ver sua esposa no convés, desfaleceu de emoção. Acompanhavam-na a bordo o Marquês de Barbacena e a pequena Dona Maria da Glória, a futura Maria II de Portugal, em favor de quem o pai renunciara seus direitos ao trono português em 1828. Barbacena, que na mesma viagem havia recebido a missão de levar Dona Maria para os cuidados de seu avô, o Imperador Francisco I, no meio do trajeto soube da usurpação do trono português por Dom Miguel, irmão de Dom Pedro, e decidiu em vez levá-la para a Inglaterra, que considerou um lugar mais seguro. Após concluir as tratativas do enlace imperial, buscou-a novamente, embarcando-a de volta para o Brasil junto com a comitiva de Amélia, onde se encontrava também o irmão da noiva, Augusto de Beauharnais, 2.° duque de Leuchtenberg. Pouco depois do primeiro encontro do casal, os filhos do primeiro casamento de Dom Pedro conheceram sua madrasta ainda no navio que a trouxera, para almoçarem todos juntos.
 
 
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Ao instalar-se no palácio de São Cristóvão, percebendo a falta de protocolo que reinava, Amélia impôs à corte como língua oficial o francês e o cerimonial de uma corte europeia. Procurou atualizar a moda e a culinária, redecorou o palácio e renovou os serviços de mesa e pratarias, tentando refinar os costumes. Em parte teve sucesso, e a elegância da imperatriz, sempre impecavelmente vestida, se tornou famosa no estrangeiro.
 
A vida agitada de Dom Pedro havia minado sua saúde, e ele veio a contrair tuberculose, falecendo em 24 de setembro de 1834.Dona Amélia respeitou as disposições testamentárias do finado, que desejava ter sua filha ilegítima com a Marquesa de Santos, Maria Isabel, bem educada na Europa, como estava sendo sua outra filha, a Duquesa de Goiás, mas apesar do convite feito para que lhe enviasse a menina, a Marquesa declinou. Dom Pedro também estipulara dotes para outros de seus filhos adulterinos, que foram concedidos às expensas da herança de Dona Amélia e de sua própria filha, expressando seu respeito pelo amor que Dom Pedro dedicara a toda a sua prole, legítima ou não.
Dona Amélia não voltou a se casar; mudou-se para o Palácio das Janelas Verdes e dedicou-se a obras de caridade e à educação da filha, que demonstrou possuir grande inteligência e pendor para a música,ocasionalmente visitando a Baviera com sua menina. Apesar de estabelecidas em território luso, elas não eram consideradas parte da família real portuguesa. Dona Amélia solicitou então ao governo brasileiro o reconhecimento dela e de sua filha como membros da família imperial brasileira, com direito a uma pensão, mas Dom Pedro II ainda era menor de idade e o Brasil era governado por uma Regência, que temia uma possível influência da imperatriz-viúva nos negócios de Estado e, mesmo, sua adesão a facções políticas que pudessem vir a prejudicar o governo. Assim, recusou-se o reconhecimento de Maria Amélia como uma princesa brasileira e proibiu-se a ela e sua mãe de colocarem os pés no país. Entretanto, com a maioridade de Dom Pedro II, que mantinha boas relações com elas, a situação mudou, e em 5 de julho de 1841
 mãe e filha foram reconhecidas como membros da Casa Imperial Brasileira.
 
Dona Amélia voltou a residir em Lisboa, onde morreu em 26 de janeiro de 1873, aos sessenta anos . De acordo com o estabelecido em seu testamento, sua irmã, a Rainha da Suécia, foi sua principal herdeira, mas legou para o Brasil muitos documentos pertencentes a Dom Pedro, hoje preservados no Arquivo Histórico do Museu Imperial de Petrópolis. Seus restos mortais jazem na Cripta do Monumento à Independência do Brasil, em São Paulo, trasladados para o Brasil em 1982 . Até aí o corpo de D. Maria Amélia repousou ao lado do corpo do irmão de D. Pedro I, D. Miguel, no Panteão dos Braganças em Lisboa.
 
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Em 2012 os restos mortais da imperatriz, bem como de Dom Pedro I e de sua primeira esposa, Dona Leopoldina, foram exumados pela primeira vez da Cripta Imperial por uma equipe de cientistas liderada pela historiadora e arqueóloga Valdirene do Carmo Ambiel, junto com especialistas da Faculdade de Medicina da USP. O processo foi cercado de sigilo, e apenas em 2013 veio a público. Descobriu-se que o corpo de Dona Amélia estava mumificado, com vários órgãos preservados. Os exames realizados revelaram que ela sofria de grave escoliose, uma deformação na coluna espinhal, e osteoporose, um enfraquecimento dos ossos. Media entre 1,60 m e 1,66 m de altura e havia perdido vários dentes.O vestido que usava era preto, já que desde a morte de seu esposo, Dom Pedro, ela guardara luto. As causas da mumificação ainda não foram bem esclarecidas, mas descobriu-se que seu corpo sofreu um processo de conservação após a morte, com a inoculação de substâncias aromáticas como cânfora e mirra. Também deve ter contribuído o lacramento hermético do caixão, impedindo a invasão de microrganismos que decompõem a matéria orgânica. Após os estudos, o corpo recebeu um novo tratamento para sua conservação, semelhante ao usado na época de seu falecimento
 
 
Texto:  wickpédia
 
Fotos: Google



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