PANDEMIA NOS TEMPOS DO IMPÉRIO - CARTA A PRINCESA ISABEL

Vossa Alteza Imperial Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bourbon-Duas Sicílias e Bragança.

A chegada dessa carta não vem em bom momento, mas não posso furtar-me o direito de dar-lhes informações sobre o Brasil.
Aqui na Província de São Pedro do Sul, estamos ainda trabalhando, porém, preocupados com uma doença, ou melhor, um vírus que está assustando o mundo todo, como bem sabem. Mas o pior, é a falta de informação e a grande pretensão dos brasileiros, que nunca acham que serão atingidos por nenhuma pandemia mundial. Os nefastos exploradores já estão aumentando valores e os oportunistas da vez estão se aproveitando da população, hoje não mais servil, mas que não goza ainda de grandes condições de vida em sua maioria.
Lembrei-me de seu pai e das pandemias de sua época, como a epidemia de cólera morbus  que assolou o Império do Brasil em 1855. Até a primeira metade daquele século, as grandes epidemias que assolaram o mundo europeu e parte das Américas eram consideradas pelos médicos brasileiros ainda pouco frequentes, senão inexistentes no país. A cólera alterou a situação, causando até o final do século sete pandemias.
O Rio de Janeiro foi uma das províncias mais atingidas pelo cólera. Só de mortes, foram mais de 200 mil. Esforços foram movidos por médicos e administradores para assistir a todos os doentes da cidade. O hospital de Santa Isabel atendeu especialmente os coléricos, e a visita de D. Pedro II ao local ficou imortalizada na pintura “Dom Pedro II visitando os doentes de cólera-morbus”, de Loius-Auguste Moreaux.

 
 Quando o cólera chegou à capital, o Imperador "mostrou-se incansável. Em vez de se refugiar em Petrópolis – como fez a elite – 'parava seu carro à porta dos hospitais, penetrava nos focos de epidemia, aproximava-se dos leitos dos coléricos, falava a todos eles, robustecendo a coragem dos fortes, inspirando valor e ânimo aos fracos e enchendo de esperança, de fé e de gratidão o coração dos míseros doentes'
Hoje não vemos mais nossos governantes atuando com tanta humanidade  junto ao povo. 
Estamos perdidos no excesso de falsas notícias  e em meio ao caos criado por homens e mulheres  sem amor ao próximo.
Caríssima Princesa Isabel, a cada dia reinante, somos rajados de escândalos e em muitas vezes causados por aqueles que herdaram a arrogância dos mesmos que baniram sua família de terras brasileiras, como se daqui não fizessem parte. Malditos Republicanos!
Rogo à Deus, que não sejam atingidos por tal pandemia e que se mantenham longe das grandes cidades. Aproveitem o máximo o Chateau D'Eu e mantenha as crianças  dentro de casa. Vossa alteza, cuide de sua saúde e dos seus....  Volto em breve a dar-lhe notícias sobre nosso amado Brasil.

➽P.S: Estive em Petrópolis e de perto conferi uma saudosa missa na Catedral de São Pedro de Alcântara tão sonhada por Vossa Alteza e seu pai. Matriz da cidade que nunca conseguiram ver concluída e que só ficou totalmente pronta em 1925. Ela fica em frente a sua casa e por pouco mais de 20 passos, conseguimos olhar orgulhosos a residência onde nasceu seus dois primeiros filhos e de onde tiraram a última fotografia da Família Imperial em terras brasileiras. No seu frontão ainda ostenta o monograma G.I., de Gastão & Isabel.

Fotos: Wickpedia e Monarquia.org.br
Fonte: Monarquia.org.br

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