MINHA CARTA AO IMPERADOR DOM PEDRO II


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Sua Alteza Imperial Real Dom  Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga, Imperador do Brasil.
Com muito respeito e com a liberdade que minha intimidade com vossa alteza permite, venho por meio desta, dar-lhe algumas impressões sobre sua tão amada terra. 
Falando em  boas impressões, lembrei de sua viagem aos Estados Unidos da América, que foi um "triunfo completo", tendo o senhor causado uma profunda impressão positiva no povo americano por sua simplicidade e gentileza. Depois atravessou o Atlântico, onde visitou a Dinamarca, Suécia, Finlândia, Rússia, o Império Otomano e a Grécia. Em sequência foi para a Terra Santa, Egito, Itália, Áustria, Alemanha, França, Grã-Bretanha, Países Baixos, Suíça e Portugal, voltando ao Brasil em 22 de setembro de 1877.
Mas não é sobre suas viagens que venho por estas linhas, tomar-lhe tempo. Falo agora de seu Brasil.
Há muito tempo que não lhe escrevo, portanto, as notícias que outrora seriam sobre frivolidades da extinta corte, agora são de nosso amado povo que está vivendo uma inércia intelectual jamais pensada em suas leituras habituais.
Imagine magnânimo, que correu ontem os proclamas que a Quinta da Boa Vista foi tomada por incêndio de grandes proporções. Não restou nada além, das paredes de sua tão amada casa. Sua sala de leitura que permitiu ao Brasil tão vasto conhecimento, foi queimada sem dó pelas chamas do funesto fogo do descaso. 
Nada mais se vê dos aposentos de suas filhas Leopoldina e Isabel. Não se pode precisar a perda incalculável das peças trazidas por sua amada e saudosa esposa a Imperatriz Tereza Cristina.
Tudo foi destruído durante o tempo em que o fogo também destruía nossa história e um pouco
do que a ciência (pelo senhor tão estimada) havia permitido chegar aos olhos públicos.

Fico imensamente triste e perplexo com o acontecido e após refletir sobre como lhe informar sobre o fato, não tomei-me de rodeios para refletir  e dar-lhe essas palavras.
O Brasil, meu Imperador amado, tornou-se terra de ninguém ( como se esperássemos um novo Cabral para nos descobrir, ou para por fim, nos esquecer). Estamos sem governantes dignos desde a sua partida para o exílio. Seus palácios foram tomados e transformados e símbolos dessa república falida.
Estamos sem Pai na Pátria Mãe.  Precisamos urgente de uma mão para nos guiar dentro desse furacão chamado República.
Sim meu Imperador! A República foi a pior coisa que aconteceu com "nosso" Brasil. Perdemos o direito de sermos continentais na honra e deixamos nosso nome sujo por todos os cantos da terra.
Somos sofridos e trabalhamos mais do que o período em que sua filha "A Redentora", libertou os cativos.
O fogo que acabou com sua casa é o reflexo de nosso país. Temo por ele senhor!
Sei que não podes voltar ao Brasil e que estás proibido de retornar a terra que tanto amou. 
Hoje as ruas e pessoas mudaram muito. Mas dentro de nós está a certeza de que a volta da monarquia é a volta para casa.
Precisamos renovar nosso lar e devolver à nação brasileira a realeza perdida.
Creio nas virtudes que manifestaste na terra brasileira, mas sinto falta da tua mão paterna a nos guiar.
Tua cidade (o Rio de Janeiro), lugar mais lindo do mundo é alvo da falta de humanidade e o Brasil arde não em chamas, mas no clamor do povo que não vê mais a esperança que  outrora foi trazida dentro das embarcações que trouxeram seu avô Dom João IV .
Diga a Princesa Isabel, que seu esforço não foi em vão. Mas que a luta não terminou!
Somos escravos da ignorância  e impunidade.
Temo pelo Brasil, caro Imperador! Mas não posso sair de meu amado país...
O fogo levou tudo... sua casa, suas lembranças, seus livros e seu vigor.
Não há de levar mais que isso, pois é tempo de um "basta".
Caro  amigo e Imperador. Sei que faço seu coração sofrer com notícias negativas além mar.
Mas, é o que tenho para lhe falar... sua Quinta da Boa Vista ardeu em chamas as vésperas do dia 07 de setembro. Uma vergonha!
Não chores meu Imperador amado. Vá junto de Isabel e Tereza Cristina e conte-lhes que o Brasil ainda tem esperança. Diga-lhes que o Palácio se foi e que sua grandeza permanecerá muito mais
pelos que nele habitaram, do que os que ele nunca respeitaram.
Vai Imperador e dorme tranquilo, mas ore por nós que de tão longe oramos por vós.

Do teu fiel e esperançoso compatriota Rodrigo Ricieri
PS= Escrevo esta carta da Província que conheceu pessoalmente. Escrevo da Província de São Pedro (Rio Grande do Sul)


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