O DIA EM QUE CONHECI RUTH DE SOUZA


Era uma tarde de fevereiro de 2001 . Eu estava passeando pelo bairro do Flamengo no Rio de Janeiro, quando decidi parar em um restaurante. Sai da Rua Cruz  Lima, exatamente do Hotel Argentina, com a intenção de desbravar o bairro em busca de lugares boêmios e cheios de histórias ( bem do jeito que gosto ).
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Fui caminhando pela Rua Senador Vergueiro em direção a Rua Tucumã , onde eu iria conferir algumas joias da arquitetura do bairro. Me lembro de ter voltado e ido a igreja da Santíssima Trindade. Minha caminhada seria breve e estar nesse icônico bairro, já me era prazeroso.
As origens do bairro do Flamengo,remontam ao período da “descoberta” da Baía de Guanabara. Já em fins de 1503 ou início de 1504, o navegador Gonçalo Coelho abastecia de água a sua expedição na foz do rio Carioca, que desaguava na atual Praia do Flamengo. Embora os portugueses chamassem o lugar de Aguada dos Marinheiros, os Tamoios influenciaram na mudança do nome para rio Carioca em função de uma feitoria construída no local. Carioca, na língua dos Tamoios, quer dizer casa de branco (cari - branco; oca – casa). 
O bairro que possui muita história desde sua fundação é conhecido e privilegiado pela proximidade  com o centro da cidade, bem como o aterro de mesmo nome, que é um ótimo local para lazer.
E foi no meio de edifícios residenciais e em busca do Teatro da Galeria  que parei em um restaurante nas proximidades do Restaurante Garota do Flamengo. 
Não lembrarei o nome. 
Foi como se as tardes assistindo filmes  da TV cultura entrasse por dentro do restaurante. Lá estava em minha frente e sorrindo a atriz Ruth de Souza. (pequena pausa) Eu que a conhecia de novelas como Mandala, Fera Radical, Rainha da Sucata e Cambalacho. A primeira mulher negra a atual no Theatro Municipal . Já no cinema eu a vi pela primeira vez em um filme dramático de 1958, chamado Ravina do cineasta Ruben Biáfora. Certamente muitos acharão estranho assistir filmes tão antigos em plenos anos 90. Ainda na época que usávamos o tal do conversor de UHF para troca de canais, eu ficava muito feliz quando conseguia ver algum filme antigo na TV Cultura ou mesmo na TV Guaíba.
Todas essas emoções vieram à tona, quando não resistindo e portando uma camiseta laranja escrito " o Rio Grande do Sul é Tri Legal Tchê", eu a chamei de Dona Ruth. Não tinha selfies pipocando como nos dias de hoje. Apenas a chamei e fiz algum comentário sobre seu trabalho.
Foi tempo suficiente para que ela abrisse um largo sorriso. O cabelo preso em um coque e uma blusa branca lhe davam ar de muita aristocracia. Para quem viveu a era da TV e longe da existência das
redes sociais, ver de perto alguém que aparecia na tv, era surreal. Ainda mais no Rio de Janeiro e em pleno Flamengo.
Os outros que estavam no restaurante já estavam acostumados com a presença de Ruth, mas eu fiquei minutos em êxtase...
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Foi quando ela se sentou para almoçar e fiquei resumido " a minha insignificância". Me lembro de ter comentado com a minha irmã ao fone ( ligando de um orelhão ) sobre o acontecido. 
Ver de perto quem um dia nos emocionou pela tv ou no cinema é plasmar a ficção, o drama, a comédia. Principalmente para quem vivia apenas com as referências de uma cidade na Serra Gaúcha.
Quando soube de sua morte há alguns dias atrás, passou-me exatamente esta cena na cabeça e a pergunta: Como ficaremos sem as grandes referências dos grandes atores?
Em março do ano passado foi-se Tonia Carrero, que assisti se talento em Tico-Tico no fubá de 1952. Outros nomes poderiam ser citados, e aos poucos vou contando um pouco deles em meu blog, cuja a intenção é ser uma memória de mim mesmo.
Obrigado Dona Ruth, pelo sorriso de 2001 e que permaneceu em mim e imortalizou mais um momento vivido por mim no meu amado e sonhado Rio de Janeiro. 

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Nota: sempre escreve de uma única vez, pois se trata de memória e não quero ficar corrigindo e alterando, para deixar literal. Quero que seja pura expressão do simples ato de escrever.

******Fotos: Extra/ O  Globo / www.globo.com/ Cinemateca Brasileira


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