CARTA PARA ISABEL

***Isabel e Gastão junto com seus netos, seu filho Luís e a esposa Maria Pia em 1913.

***O Brasão do Império Brasileiro entrelaçado com o brasão da França, encimado pela Coroa Imperial do Brasil, pelo casamento da Princesa Dona Isabel com o o Príncipe Gaston d'Orléans, Conde d'Eu 

Brasil, 15 de novembro de 2018

Sua Alteza Imperial e Real Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bourbon-Duas Sicílias e Bragança.

È com grande garbo e admiração que escrevo essas linhas, de minha propriedade na Província de São Pedro, que outrora foi visita por seu  marido, o honroso Conde D’Eu e seu pai Dom Pedro II, a quem escrevi uma carta recentemente. 

Nossa província mudou muito desde a vinda de seu marido e pai, por conta da Guerra do Paraguai à nossa tão querida Uruguaiana. Mas venho de forma íntima e breve interromper seu sossego na Normandia, onde reside desde o fatídico dia do exílio. Aliás, peço-lhe desculpas, pois, estava acamado com grande febre em nossa casa  de verão de Petrópolis. Como tudo foi rápido, não conseguimos nos juntar àqueles que deveriam ter impedido a saída grotesca de vossa família de nossas terras. Mal  sabiam os revoltosos, que estaríamos destinados só exílio moral e ético desde então. Sua casa em Laranjeiras, pertence ao governo do Estado do Rio de Janeiro no extinto Estado da Guanabara. Fizeram de tudo para esconder a vossa presença naquela propriedade. De nada adianta, pois, orgulhosos informamos que foi a casa da Princesa Isabel – A Redentora.

Como comuniquei ao seu pai, seu palácio da infância foi destruído pelo fogo. Não vou me estender neste assunto, que me deixou acamado como naquela noite de sua partida.    

 Foi uma visão aterradora Princesa…

Seus esforços para a abolição foram importantes e a senhora é lembrada por aquele grande dia. Mas, ainda hoje nossos negros sofrem, presos à correntes imaginárias e açoites em redes sociais. Não vou conseguir explicar nesta carta que atravessou o oceano o que é rede social, pois, ainda estamos tentando compreender melhor essa novidade aqui nos trópicos.

Mas sua casa em Petrópolis, continua com o jardim bem cuidado  e seu palácio de cristal, ganhou outras funções. Saiba também que foram proibidos os carros por tração animal.

 É tudo tão diferente Princesa.

Lembro de vê-la sentada com a Condessa de Muritiba em frente ao palácio, perto da Jabuticabeira. Tenho certeza que sente falta das frutas tropicais. 

Mas, fico feliz em saber que fostes ver de perto o voo de Santos Dumont, esse nosso compatriota tão inventivo. Dê-lhe saudações por seu êxito.

Como somos democráticos "republicanos", elegemos um militar para o poder. Lembro de Marechal Deodoro se arrepender por anos de proclamar a república no Brasil. Morreu sem poder pedir desculpas a todos nós, por nos deixar à deriva. Pobre Marechal… que esteja incômodo onde estiver.

Fique bem e aproveite a próxima estação das águas termais  na França, dizem que uma das melhores do mundo. Minha família ora pela perda de seus filhos, os príncipes Luiz e Antônio. Grandes perdas. Sei que perdeu a cabeça pela dor, mas o senhor a restaurou.

Deixo aqui minhas estimas e saudoso espero nosso encontro daqui a 10 meses no balneário de Cannes. 

Iremos com muitos presentes, enviados pelos  saudosos monarquistas. 

 Fique bem e continue a viver tranquila em seu Castelo Normando, o povo brasileiro que padece na república falida e golpista, não merece seu desalento. 

Por fim, passarei em frente a sua casa em Petrópolis, para pedir a poda das roseiras que invadem a calçada. Continuarei aqui cuidando se sua imagem… que nem os livros de história, honram em imortalizar.

Rodrigo Ricieri - Monarquista e saudosista