EBERLE - BREVE HISTÓRIA DE UM SOBRENOME

Abramo Eberle foi um dos pioneiros da industrialização do estado do Rio Grande do Sul.

 Em torno de 1892 a família já possuía também duas outras áreas de terra, trabalhadas por agricultores contratados. O jovem Abramo, embora nesta época tivesse apenas cerca de 12 anos, supervisionava uma das propriedades e ajudava nos outros investimentos da família. Devido ao grande volume de trabalho, Abramo teve uma educação inicial pobre.

Em 1896...
Fabricava lamparinas a querosene, um artigo de grande procura numa época em que não havia energia elétrica, além de baldes, canecas e outros itens de consumo geral. Seguindo o exemplo do pai, diversificou seus negócios melhorando a funilaria com equipamentos mais eficientes e a casa comercial com uma boa seção de ferragens, abrindo também uma vidraçaria e oferecendo serviços de consertos em geral, além de fazer a venda da produção agrícola das terras familiares tanto em Caxias como em Porto Alegre, para onde viajou várias vezes. Em 1901 seus negócios prosperavam e passava a investir no mercado paulista, onde vendeu vinho, graspa, salame, presunto e queijo.

No mesmo ano casou-se com Elisa Venzon, membro de uma família bem colocada na sociedade e proprietária de um moinho e uma serraria, que lhe daria os filhos José Abramo (Beppin, 16/12/1901), Angelina (01/04/1904), Rosália (31/01/1906), Julio João (21/11/1907), Adélia (30/06/1910), que foi a primeira rainha da Festa da Uva, Zaíra e Lília (abril/1919).


Adélia Eberle - Primeira Rainha da Festa Nacional da Uva de Caxias do Sul

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Em 1920 foi criada a Eberle, Mosele & Cia., com os sócios Leonel Mosele e Fiorelo Arpini, ampliando a loja de ferragens, louças e vidros, e no mesmo ano Abramo viajou aos Estados Unidos a fim de conhecer novas tecnologias e fontes de fornecimento de matéria-prima para a metalurgia, mas também para tratar da saúde de Elisa, que sofria de um mal cardíaco. Lá Abramo também adoeceu. Depois de quatro meses seguiram para a Itália. Como ambos continuavam doentes, passaram uma temporada na estação de águas de Salso Maggiore, em seguida visitaram Roma, entrevistando-se com o papa, e depois rumaram para Monte Magré para rever parentes. De lá partiram em viagens de negócios por várias cidades da Itália e também Paris, visitando metalúrgicas e fundições, retornando ao Brasil depois de dois anos.
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Entre 1923 e 1928 foi instalada a primeira forjaria, com a fabricação de peças forjadas, lâminas para facas, espadas e espadins para as forças armadas, e foi inaugurada a fábrica de botões de pressão e rebites. O capital da empresa já era de mil contos de réis e já tinha ou uma filial ou um representante em todos os estados brasileiros e em alguns outros países. Em 1925 iniciou-se a fabricação de artigos sacros.Além de ter-se tornado um dos maiores empresários do estado, Abramo se envolveu na política, assumindo o cargo de vice-intendente por vários períodos nas gestões de Vicente Rovea, José Penna de Moraes e Celeste Gobbato participando de comissões municipais para tratar de variados assuntos e sendo membro do Diretório do Partido Republicano Liberal.


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Antes de chegar a Catedral, cortejo parou na esquina das ruas Sinimbu e Marquês do Herval. Foto: Mancuso, acervo Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami, divulgação

 ***Foto: acervo Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami, divulgação

Foto: Studio Geremia, acervo Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami, divulgação

Abramo voltaria para os Estados Unidos e a Europa muitas vezes, sempre estudando os modernos processos de produção, que depois implantava nos seus negócios. Esteve à frente de sua indústria por quase 50 anos, até sua morte aos 65 anos de idade em 13 de janeiro de 1945. Sua morte causou uma comoção na cidade e seu sepultamento foi acompanhado por uma multidão.


***Palacete Eberle - Ainda preservado no centro da cidade


***Foto: http://wp.clicrbs.com.br/memoria


***Foto: http://wp.clicrbs.com.br/memoria


***Foto: http://wp.clicrbs.com.br/memoria


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 Seus filhos deram continuidade aos negócios do pai até 1984, quando a Eberle foi adquirida pelo Grupo Zivi-Hércules. Em 2003 os grupos foram fundidos, surgindo a Mundial S.A.No alto do edifício-sede da empresa, no centro de Caxias do Sul, uma casinha de madeira, réplica da primeira funilaria de Abramo, mostra o quanto cresceu o sonho do imigrante.


Os prédios da antiga Metalúrgica Abramo Eberle constituem um grupo de edificações históricas de Caxias do Sul, RS, ocupando quase todo um quarteirão entre as ruas Sinimbu, Borges de Medeiros, Marquês do Herval e Os Dezoito do Forte, erguidos entre as décadas de 1930 e 1950. Dentre eles destaca-se o prédio da administração e loja da antiga empresa, sito à rua Sinimbu 1670, no centro da cidade. O conjunto é tombado pela municipalidade desde 6 de janeiro de 2006. Em 2015 um outro conjunto foi tombado, a Fábrica 2.
Projetado por Silvio Toigo, foi erguido na década de 1940.

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Em Caxias do Sul seu nome batiza uma escola e uma praça, na qual foi erguido um monumento em sua memória. Também batizou uma travessa em Porto Alegre, ruas em Concórdia e Gravataí, a cátedra de Economia Política na PUCRS em Porto Alegre,e um Ginásio Industrial em Osório. Os prédios históricos da sua metalúrgica e o palacete onde morava são patrimônio tombado. Sua mãe, lembrada como um símbolo do empreendedorismo feminino, também foi homenageada, com a instituição do Troféu Gigia Bandera pelo Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul, distinção que reconhece o mérito metalúrgico.


Fontes e fotos: Click RBS/Memória - Wickpédia -Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami 




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